Departamento de Perícias Médicas do Estado de São Paulo.
Muito
se fala em INSS, mas pouco se fala em D.P.M.E
O
DPME, é o órgão responsável pelas pericias médicas dos Servidores
Públicos do Estado de São Paulo, tanto exames admissionais, demissionais e
licença para tratamento de saúde.
A
sistemática é bem mais complicada que no INSS, o salário pago ao servidor
público estadual licenciado é vergonhoso. Quando ouço as pessoas falando das
dificuldades do INSS, sempre penso, falam isso, porque não conhecem o DPME.
No
auxílio doença, recebemos a média de 91% do salário, a perda é pouca e para
algumas pessoas, ganha-se mais em auxílio doença do que trabalhando.
Antigamente
o DPME, ficava no Viaduto Maria Paula hoje se localiza na Várzea do Carmo, um
lugar de péssimo acesso, para quem usa o Transporte Público. Enfim, o local é o
de menos.
Para
solicitar o afastamento, devemos apresentar uma GPM (Guia de Perícia Médica),
essa Guia é preenchida pelo Departamento de Recursos Humanos, com a GPM em
mãos, devemos levar pessoalmente ao DPME (até um dia útil a data da guia), onde
é agendado uma pericia médica, para uma data tão, tão distante. Nisso já
tivemos várias idas e vindas, pois o sistema é totalmente manual, você pede a
GPM no local de trabalho, leva a GPM e marca a pericia, e depois comparece na
data agendada e realiza a pericia médica.
A
pericia médica, no DPME, assim como no INSS é uma incógnita, 10 dias após a
pericia o resultado é publicado em Diário Oficial do Estado de São Paulo.
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Modelo Relatório para Readaptação
e Pedido de Aposentadoria |
O
prazo máximo para concessão de licença para tratamento de saúde, é 90 dias, ou
seja a cada 2 meses e meio, é necessário fazer toda essa rotina novamente.
O
mais gritante da licença para tratamento de saúde do servidor público estadual
é o salário pago, a queda do salário é gigante, em licença para tratamento de
saúde o servidor público estadual recebe de pagamento pelo menos 40% a menos, e
ainda perde todas as gratificações, o ticket vale coxinha (R$ 82,00) e também
para nós servidores da saúde, perdemos 50% do prêmio incentivo.
Ou
seja, quanto mais precisamos, ganhamos menos. Isso leva a um número gigante de
servidores estaduais em São Paulo, a pedir a readaptação, é de nosso
conhecimento que o servidor solicita a reabilitação, nem sempre porque tem
condições físicas e psíquicas de retornar ao trabalho, ou por achar que tem
capacidade para trabalhar de forma especial. O Servidor pede a readaptação, simplesmente
porque não consegue sobreviver com o misero salário pago enquanto esta de
licença para tratamento saúde.
O
termo licença para tratamento de saúde, no Governo Estadual de SP, deveria
mudar para ”licença para não tratamento da saúde”, porque ganhando tão pouco,
como o servidor público vai arcar com as despesas que a doença traz.
Eu
conheci um médico que trabalhou até os últimos dias de vida, com um câncer
raro, em quimioterapia, passando muito mal, trabalhou doente porque era
impossível viver com o salário em licença médica. É comum ver pessoas sem as
mínimas condições de trabalho, voltando a trabalhar com pedido de readaptação,
totalmente debilitada, e quando questionadas, as pessoas dizem que estão
voltando porque não é possível viver com o salário pago enquanto esta de licença médica.
Isso
é uma vergonha para o nosso Estado de São Paulo, se questionamos a Unidade de
Recursos Humanos, somos informados que quando assumimos o cargo público, no meu
caso através da Lei 500, assinamos um contrato onde, vamos receber conforme
trabalhamos, se não estamos trabalhando, perdemos o direito a todas as
gratificações, vale alimentação e prêmio incentivo. Temos direito de receber o
salário base (para auxiliar de enfermagem R$ 214,22) e algumas poucas
gratificações. Existe uma luta sindical, pouco evoluída pedindo a incorporação
das gratificações como salário base.
Isso foi uma conquista dos
Servidores Públicos Federais, que através de muitas greves conseguiram a
incorporação das gratificações como Salário Base, essa foi a minha salvação,
porque hoje aposentada pelo serviço público federal eu recebo proventos
integrais. Agora enquanto servidora estadual/SP, praticamente pagamos para
buscar a Guia, levar a Guia e fazer perícia.
O quesito perícia médica, os peritos não são tão duros e cruéis
como os do INSS, mas encontramos médicos peritos já em idade avançada, me
lembro de uma pericia no DPME ainda na época do Maria Paula, onde um perito do
DPME, disse assim “nossa coitadinha, tão nova e com uma doença tão desgraçada e
com uma dor terrivel”, eu me senti mais do que coitada, era começo de doença e
essas palavras tiveram uma impacto sobre mim.
Minha história no serviço público estadual, não começou
bem, fiquei doente 4 meses depois que assumir o cargo estadual, e quando fui
renovar a minha primeira licença para tratamento de saúde, tive a licença
negada e ainda fui encaminhada para a “exoneração por doença pré-existente”,
entrei com pedido administrativo e 1 ano e 7 meses depois, meu cargo foi
devolvido. Enfim, ossos do ofício.
Não posso deixar de comentar, que o DPME era menos pior,
quando era no prédio da Maria Paula, pois depois que mudou para a Várzea,
parece que tudo ficou pior, eu já fiquei mais de 5 horas esperando ser chamada
para pericia. Sem contar que, quando damos entrada em algum documento, nossos
documentos simplesmente desaparecem.
É beneficiários do INSS, a coisa pode ser pior, e o salário
então, bem menor. O que acontece no serviço público estadual é uma verdadeira
vergonha, pois servimos o estado com nossa saúde, com nossa disposição,
trabalhando já recebemos um salário baixo e quando mais precisamos, recebemos
muito menos do que o esperado, o que dificulta muito a qualidade de vida da
pessoa. Porque sem dinheiro, não existe promoção a saúde, recuperação então,
nem se fala.
E o IAMSPE? que ano passado estava lindo, antes das
eleições, fazíamos qualquer exame na rede Lavoisier e Delboni Auriemo com
agilidade, depois das eleições, para conseguir agendar exames nessas redes de
laboratório, ficou praticamente inviável, com filas de espera maior do que nos
SUS.
Isso é São Paulo, isso é o nosso Brasil de grandes
diferenças e desigualdades.
Um pouquinho sobre mim:
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As crianças da minha vida. |
Tomei a 6º dose do Biológico, minha doença ainda esta em
atividade, estive na minha reumato essa semana, e ainda é cedo para avaliarmos a
eficácia deste biológico o prazo é mais ou menos 6 meses. Então, vamos esperar. Comentei com a Dra. Fernanda que sinto falta do MTX, a AR ficou quetinha um tempo com o MTX, + agora o MTX me deixa tossindo até a alma, então não da para usar de novo.
Meu ombro esquerdo por esses dias está bem artrítico,
domingo passado, mal conseguia trocar de roupa sem ajuda, agora esta um pouco
melhor.
E como o próprio nome diz, paciente deve ter paciência. Vamos
esperando a estabilização da doença.