Ontem, 09 de julho/2011, tivemos mais um
“EncontrAR” o antigo Encontro do Portadores de Artrite Reumatóide, sinto que se
faz necessário mudar este nome “encontro de portadores de AR”, pois hoje no
encontrAR recebemos pessoas com todo tipo de doença reumatológica ou não, se
tornou um encontro de pessoas com patologia e deficiência causada pela
patologia, 99% são patologias reumatológicas.
Tivemos presente neste encontro 11
pessoas e inúmeras emoções!
- Priscila
Torres (AR)
- Tiago
Torres (meu filhote e meu cuidador)
- Lilian
Nishikava (AR)
- Rosângela
Prebiashi (AR)
- Olivia
Cosac (AR)e Carlos Cosac (Carlos esposo)
- Gabriela
dos Santos (AIJ)
- Juliana
Souza (AIJ)
- René
Guerra (AR)
- Nathaly
Fernandes (AR) e Guilherme (namorado)
Vou apresentar um pouquinho
de cada uma dessas pessoas:
|
Rô - Pri - Olivia |
Priscila
Torres, 30 anos, tenho AR
há +- 6 anos, tive complicação neurologica, perdi a visão no olho esquerdo periferérica,
enfim, todos sabem sobre mim. Confesso que o encontrAR pra mim é sempre um
sistema de troca, onde eu dou de mim e recebo de vocês. O Blog tem sido a minha
auto-terapia e apesar de todas as limitaçções, dores da doença eu sou feliz
porque tenho uma família que me ama, um filho que é meu maior companheiro de
todas as horas e que mesmo tão pequeno ele tem sido um a minha principal fonte
de forças para a superação de todos os dias.
|
Minha Vida Tiago
9 Anos, aos 25 já vai ser Pós Doutorado em
Reumatologia, sabe tudo... |
Tiago
Torres, 9 anos, convive
com a minha AR desde os 4 anos, hoje ele compreende a minha dor, reconhece meu
semblante de dor, sabe até que remédio ele tem que pegar quando estou com muita
dor. Ele pergunta se já fiz a injeção (biológico) e já quer saber como foi a
consulta médica, quando ele tiver 11 anos, levarei ele nas consultas. E depois
do encontrar, fomos ao cinema e quando chegamos em casa ele estava olhando a
foto e dizia direitinho essa tem isso, essa aquilo, o mãe o que é isso. Eu
achei muito lindo porque mesmo com o jeitinho dele brincalhão, ele prestou
atenção em tudo.
|
Pri e Lilian |
Lilian
Nishikawa, 47 anos, tem AR
há 16 anos, possuí prótese total de quadril há 10 anos e caminha para provável prótese de joelho. No
começo da doença seguia acompanhamento com a reumatologia do Hospital das
Clínicas de SP e em 2002 recebeu “alta por complexidade”, o caso dela não era
mais complexo e poderia ser dado seguimento ambulatorial no “Posto de Saúde”,
isso tem 9 anos e até hoje essa vaga do Posto de Saúde não veio. Através da
CEPIC (Centro Paulista de Pesquisa e Investigação Clínica) ela faz acompanhamento
reumatológico e acompanha também os joelhos e quadril no Hospital do Mandaqui.
Uma pessoa adorável, chegou cedinho no Café Girondino e trocou muitas idéias
com Tiago (meu filho).
|
Rosângela - Pri - Olivia |
Rosângela
Prebianchi, 45 anos, tem
AR há 28 anos, aposentada, bem, sou suspeita para falar da Rô, ela foi um dos
meus primeiros contatos com outras pessoas que tem AR através da internet, digo
que ela é a minha Mãe da AR, me ensinou muita coisa sobre como ser paciente,
como viver como paciente, como superar como paciente. A Rô e Malu (in memorian)
sempre diziam que era a batida perfeita, eu sabia falar tudo que acontecia do
lado médico/enfermeira e elas sabiam como falar como paciente, e foi assim que
fui aprendendo e daí surgiu o blog. A Rosângela é mãe de 2 filhos e teve os 2
filhos quando já tinha AR e a experiência dela como AR x Gravidez, foi
perfeita, ela diz que não sentiu nadinha da AR durante a gravidez e que como
Artrítica é ótimo ficar grávida, porque no caso dela, a AR dormiu no período
gestacional.
|
Olivia Cosac - Pri - Carlos Cosac |
Olivia
Cosas e Carlos Cosac (ele
ñ tem AR) ela 56 anos, tem AR há 7 anos, psicóloga por formação, hoje é artesã
e a mais recente apoiadora do EncontrAR. A Olivia diz que; “o que faltou no
momento em que ela descobriu a AR é o
que temos hoje, antes a gente não tinha o que temos agora, passar a ver outras
pessoas como a gente, nos faz aprender a valorizar a família, os amigos,
aprendemos a dar valor a quem a gente ama e nos amam” A Olívia sempre esta
presente nos encontros na companhia do esposo, o Carlos Cosac, e a apresentação
do Carlos foi bem legal, “eu não tenho muito o que falar”, mas ele tem muito a
ensinar para muitos outros maridos, namorados e companheiros, pois o Carlos
demonstra grande vontade de aprender para poder ajudar a Olivia a superar a
doença e ser a grande mulher que ela sempre foi. A Olivia disse assim, antes eu
ajudava todo mundo, agora .. ai o Carlos interrompeu e disse “ Agora você ajuda
muito mais e ajuda melhor”, isso é muito lindo, quando eu casar quero ser um
casal assim.
|
Gabriela - Pri - Juliana |
Gabriela
dos Santos Barboza, 25
anos, tem “AIJ Artrite Idiopática Juvenil” há 13 anos, porém nesses 13 anos de caminhada
como paciente, sempre teve dificuldade em encontrar um médico que cuidasse e
compreendesse tudo que estava acontecendo com ela, aos 18 anos ela começou a
apresentar lesões, edema, calor nos dedos das mãos, estando um desses dedos com
importante desvio, à partir de então as dores ficaram mais intensas e vieram
também crises de psoríase, que já aconteciam desde a adolescência, porém nunca
foi investigado com rigor. A Gabriela, refere importante dificuldade em
encontrar um médico que cuide dela como um todo, que compreenda a artrite e a
psoríase e que chegue a um diagnóstico definitivo, se ela tem artrite
psoríatica ou artrite reumatóide e psoríase, enfim. A Última consulta com o
reumatologista foi em Dezembro de 2010, foi prescrito alguns medicamento, porém
as idas e vindas e as recusas da farmácia de alto custo, fizeram com que ela
desistisse do medicamento, pois também era necessário toda hora ficar indo ao
médico para corrigir papéis. Obs: A Gabriela tem convênio, isso não acontece só
no SUS. Uma coisa boa, ela se casou
recentemente e tem um esposo que compreende a dor e a limitação dela, e é pelo
apoio, incentivo do esposo e da Juliana Souza (amiga que apresentou o blog para
a Gaby) que a Gabriela foi ao EncontrAR
e poder conhecer a possibilidade de que a doença tem tratamento e as pessoas
podem sim ser feliz, apesar da doença. Fica o nosso desafio, encontrar um
ambulatório para tratar a Gabriela, porque pela convênio, ficou evidente que
está muito difícil. Então companheiros militantes, vamos garimpar uma vaguinha
no SUS para a Gaby. A Gaby se mostrou desmotivada pelas tantas dificuldades em
conseguir tratamento, mas agora nós (família blogueira AR, vamos ajuda-la, né),
sem tratamento que não pode ficar..
Juliana
Souza, pedagoga, faz
doutorado em educação, 30 anos, AIJ “Artrite Idiopática Juvenil” desde os 3
anos, relata que os piores momentos da doença foram dos 8 aos 9 anos e aos 15 anos. Diz que quando era criança,
passava pelas vitrines das casas de materiais médicos e dizia “mãe, quando eu
tiver 30 anos eu vou querer usar uma bengala dessa”. Após a perda do pai, ela
entrou em uma crise intensa que a deixou sem andar por um ano, e após a introdução
de terapaia biológica “infliximabe” recuperou a mobilidade, e disse que
experimentou outra vida, voltou a andar, a levantar os braços e ganhou a
autonomia de ir e vir novamente, o que foi uma grande vitória. A Ju diz ainda
que “ A nossa vida é uma vida de superação, ensina a agente a ser + gente”, a
mãe da Ju, faleceu há 4 meses e logo
depois ela encontrou o blog, buscando uma forma de ajudar a Gabriela que estava
desmotivada pelo tratamento médico e o blog foi uma ótima ajuda tanto para a
Juliana quanto para a Gabriela, e ambas chegaram juntas ao EncontrAR, de longe
a gente já se reconheceu pelos olhares alegres cheios de satisfação por saber
que o EncontrAR existe que estávamos todos lá, reunidos e unidos.
A Juliana diz ainda que “ A cura maior é a
cura dos nossos sentimentos, de entendermos a nós mesmos, ser respeitados nas
nossas limitações e dificuldades”
Nathaly Fernandes e Guilherme, Nathaly terminando a Graduação de
Direito, vai pleitear vagas na Lei de Cotas (ele ñ tem AR), a Naná, tem AR há 5 anos e
meio, ficamos doentes praticamente na mesma época, quando eu conheci a Naná,
foi na comunidade do Orkut Superando a Artrite Reumatóide, ela estava saindo da
cadeira de rodas, começando a tomar Lefuflonamida, tramal sendo aplicado pela
enfermeira do home care, inchada de corticóide e cheia de alegria e forças para
vencer. São quase 6 anos de convívio virtual e real, vivemos juntas as nossas
crises, as nossas recuperações, dividimos as nossas medicação, (a Naná, aplicou
uma dose de Humira no EncontrAR em mim,
porque a minha dose será liberada dia 19/07) e eu já estava sem.
|
René Guerra |
René Guerra, em 1993 foi diagnostico com Síndrome do Túnel do
Carpo, em 2005 teve Hidrocefalia e também descobriu a AR. Usou MTX
(metrothexate) durante um bom tempo e na falta do MTX nas farmácias ele pegou
no SUS as doses injetavais e não conseguiu um posto de saúde que aplicasse
nele, terminou devolvendo a medicação a farmácia. Hoje esta em triagem para
medicamento Biológico. Quando eu conheci o René, foi através de um e-mail
pedindo ajuda para ter acesso ao MTX, como eu estava proibida de tomar MTX, marquei
com ele, dele ir buscar o MTX no hospital onde eu tinha consulta marcada, isso
foi em Setembro de 2009, eu não estava enxergando praticamento nada, ele
falando no celular, eu to aqui, eu passei por ele varias vezes e não o vi, ai
perdi a pasciência passei o celular pra minha mãe e pronto, o René estava na
minha frente, eu confesso, comprimentei ele, entreguei o remédio e depois eu
sentei no banco de espera e fiquei chorando, indignada como pode ele estava na
minha frente e eu não, o enxerguei, estava eu, na fase mais difícil da minha
vida, e ter que localizar o René foi pra mim, uma confirmação que eu não podia
sair sozinha, que eu precisava aprender a viver sem enxergar, mas graças a Deus
eu recuperei parte da visão e a fase pior passou, mas o René jamais será
esquecido, ele foi praticamente o único paciente que me viu “cega” ele e a Dona
Rioko (in memorian). O Renê levanta a questão de que os postos de saúde atendem
as pessoas da região, mas que nem todo o posto de saúde tem especialista, então
quando o paciente vai no posto de saúde que tem especialista, ele deixa de ser
atendido porque não mora naquela região. Deixei o convite ao René para
comparecer a Reunião na Defensoria Pública para levarmos este sério problema
também.
|
Reumatismo não é doença de velho
Estamos aqui, Jovens Reumáticos e cuidadores (Ti e Guilherme) |
Enfim, tivemos uma tarde maravilhosa, uma exercício real do amor ao próximo,
por conta de logísticas dividimos as nossas medicações, dividimos as nossas
alegrais e saímos do encontrar todos com uma grande satisfação de poder estar
mais uma vez reunidos com a missão de Compartilharmos as nossas dores, Porque
elas serão sempre diminuídas.